Letra de 'Médico da Alma (part. Fabio Brazza)' de Mano Fler

Provar o amor é um gesto simples
Como de voltar para casa cedo
São 12 homens e um só segredo
Amadurecer não é acertar o alvo sempre
Amadurecer é saber lidar com decisões de sua mente
Domina a força ou degola fraqueza

Transforma em poesia a angústia de pessoas que nasceram presas
Que não aceitou ser mutilado e vem com multidões
Pra não apontar só erros lute em prol de soluções
Ser reduzido a rato é o drama de um refugiado
Sobra idosos sem medicação, crianças no orfanato

Alma pequena com grande transtorno bipolar
Se aceitar o limite a liberdade irá chegar
Quem deixou a janela aberta não pode culpar o vento
Pois a desordem é o fruto do próprio relaxamento
E quem lembrou de mergulhar no mar do esquecimento

Nadou contra a maré e viu o próprio sepultamento
Milagre é o homem bom de humilde coração
A sua energia chega antes da sua intenção
Anos de choro me serviu para regar o sonho

Aqui ponho palavras contra o medo do medonho
Meu pensamento voa como os pássaros no céu
Coloco meu interior num pedacinho de papel
Queda de braço em um labirinto social
Te transforma em um homem podre, um homem sujo, um homem mal

Rap temporário eu não vou criar
A postura é a mesma e sempre permanecerá
Pequeno servo lucra
Com a pequena empresa
Rei da Natureza
Realeza dispensa fraqueza

Você é do tamanho do que sente
Mesmo que o caminho mude não mude a razão de sua mente
E você ri de nós por ser diferente
Eu tô rindo de você por ser igual, um demente
Rap temporário eu não vou criar
A postura é a mesma e sempre permanecerá

Nem todo dia vai ser o dia da minha vida
Mas todo dia abro a janela pra esperar sua vinda
E todo dia a inspiração me brinda
E a melhor rima que eu já fiz
É aquela que eu não fiz ainda

Eu penso assim, metade da vida é a vida quem cria
E a outra metade da autoria só cabe a mim
E todo dia a vida me convida pra continuar essa poesia
E escrever é minha maneira de dizer sim

Nem bola de cristal nem jogo de búzio
O futuro mora no seu livre arbítrio então use-o
A cigana tentou ler minha palma
Mas só quem ouviu minhas rimas vai poder ler as linhas da minha alma
Ainda sim tem um pedaço meu que eu calo

Quer saber quem sou? Escute aquilo que eu não falo
O segredo do poema não está só nas palavras que intercalo
Repare no silêncio de cada intervalo
Aproveite cada segundo que a vida passa num estalo
Mas só não vai no embalo
Pois o artista não é o espelho que reflete o mundo

Mas o martelo que ajuda a moldá-lo
E enquanto houver um fio de esperança num canto qualquer
Mano Fler, Mano Fé, onde estiver, o rap é
Nossa oração que nos liberta das amarras
Minha única prisão eu construí com 16 barras

A solidão pode ser uma cela
Ou então a própria chave que te tira dela
O sofrimento também traz redenção e o paraíso
Também é um tipo de prisão, irmão

Não se esqueça uma pena pode ser uma sentença
Uma algema ou pode ser mergulhada na tinta da inspiração
Pra escrever a liberdade em forma de poema
Eu penso assim

Rap temporário eu não vou criar
A postura é a mesma e sempre permanecerá
Pequeno servo lucra
Com a pequena empresa
Rei da Natureza
Realeza dispensa fraqueza

Você é do tamanho do que sente
Mesmo que o caminho mude não mude a razão da sua mente
Você ri de nós por ser diferente
Eu tô rindo de você por ser igual, um demente
Rap temporário eu não vou criar
A postura é a mesma e sempre permanecerá